quinta-feira, 10 de julho de 2008

2. A minha estratégia - Prazo de investimento

Antes de mais, devo dizer que não concebo assumir qualquer posição no mercado sem ter muito bem definidos alguns parâmetros que me permitirão depois agir de acordo com os mesmos. Dizer que temos de ser menos emocionais quando investimos não chega, é preciso estabelecer metodologias que nos permitam conseguir isso.

O primeiro dos parâmetros que vou abordar, por ser aquele que já o estabeleço automaticamente, é o prazo de investimento. Termos consciência do prazo (curto, médio ou longo) em que estamos a investir, quando assumimos uma posição em bolsa, é fundamental para a forma como devemos depois reagir em função da evolução das cotações do título em que entramos. Por princípio este prazo não deverá ser alterado se a posição for perdedora, se esta se tornar ganhadora ai sim será correcto, por exemplo, tornar de médio prazo um trade que começou por ser de curto prazo, embora, esta possibilidade devesse estar também definida à partida.

Um dos erros mais frequentes dos investidores de bolsa inexperientes é transformar uma posição de curto prazo numa de longo prazo, apartir do momento em que esta se torna negativa. Inicialmente adquirem um determinado título convictos de que este vai subir rapidamente, mas o título acaba por ter um comportamento inverso e começam imediactamente a procurar razões fundamentais que os levem a manter o título a longo prazo, no fundo eles querem é mantê-lo enquanto não estiverem a ganhar! Faz bem ao ego e acalma o espírito mas, na grande maioria dos casos, faz muito mal à nossa carteira, algumas das vezes é o início de um arrastar de posição que pode durar anos e que lentamente nos afasta, desiludidos, dos mercados...

Uma nota importante, investir a longo prazo não significa, como muita gente pensa, comprar um determinado título e esperar entre 3 a 5 anos, não nos podemos esquecer de outro aspecto decisivo, é fundamental comprar barato. Um investidor de longo prazo raramente compra um título que já subiu 200 ou 300%, compra sim quando desceu muito, quando poucos estão a comprar, quando ninguém olha para o título. Um investidor de longo prazo compra depois de estudar a fundo os fundamentais do título! Serve isto para dizer que a grande maioria das pessoas que dizem "estas são a longo prazo" estão a enganar-se a si próprias, pois não estudaram (a maior parte nem o sabe fazer) os fundamentais do título em que entraram, nem sequer reparam que podiam ter comprado algum tempo antes por metade do preço ou até por menos!

O facto do prazo que consideramos para uma determinada posição pode ser a diferença entre estarmos certos ou errados.

Dou um exemplo, vamos avaliar uma entrada em PTM em Fevereiro de 2000 a 100 euros, poderá considerar-se uma boa entrada? eu diria que a curto prazo sim porque que a tendência, em todos os prazos, era claramente de alta, mas a longo prazo não, porque fundamentalmente o título já estava muito caro.

Um exemplo inverso, avaliemos uma entrada em Sonae em Junho de 2002 a 0.50€, a curto prazo era uma péssima opção pois o título estava com uma tendência clara de baixa, a longo prazo podia ser uma opção correcta já que os fundamentais do título indicavam que este se encontrava já bastante barato (embora eu não seja a pessoa mais indicada para avaliar fundamentais de empresas, penso que haverá algum consenso sobre este facto).

O prazo que consideramos para um investimento é também importante porque ele estabelecerá a colocação do stop (este é outro factor de que falarei posteriormente), as tendências de curto, médio e longo prazo são diferentes e os stops devem ter isto em atenção. Os títulos têm muitas vezes tendências diferentes, a curto, médio ou longo prazo.

Assim a primeira regra é saber perfeitamente se estamos a assumir uma posição a curto, médio ou longo prazo e não alterar este princípio, a não ser na situação que falei em cima ou noutra muito excepcional. Eu só altero o plano inicial em situações muito especiais, nem me estou a lembrar de nenhuma vez que o tenha feito. Evidentemente não estou a falar de alterações que provêm de alguma flexibilidade prevista inicialmente.

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