sexta-feira, 11 de março de 2016

BCP - Finalmente a inversão

O BCP continua com uma tendência de médio e longo prazo de queda, ainda assim inverteu no curto prazo. Pode não ser muito mas e com toda a certeza uma boa notícia para os milhares de pequenos investidores que detêm posições longas no BCP, infelizmente muitos deles a preços muito acima dos atuais. Em pouco mais de um ano, desde finais do verão de 2014, até ao início deste ano, o BCP desvalorizou mais cerca de 70%. São perdas avultadas difíceis de recuperar. Para alguém que tem BCP a 10 cêntimos este teria mais do que triplicar a sua cotação no dia em que bateu nos mínimos deste ano, em torno dos 3 cêntimos. 

Depois de bater nesse fundo o BCP tem vindo a recuperar sucessivamente. Fez apenas pequenos movimentos de consolidação em baixa, que tem enganado alguns curtos que vêm neles mais do mesmo a que estão habituados que o BCP faça (e quem os pode censurar por assim pensarem?). Mas nas últimas semanas o BCP tem surpreendido pela positiva, e conseguiu mesmo, diria que "com distinção" superar os 0,041€, numa sessão com volume muito forte e poucas hesitações. 

Neste momento o mais espectável será que o BCP ataque continue as subidas fulgurantes, não sendo de excluir a possibilidade de consolidar acima dos 4,00/4,10 cêntimos num movimento de confirmação da quebra da resistência/suporte. De qualquer forma estou mais inclinado para a primeira hipótese, dado o "momentum" criado pela sessão de hoje. 

É interessante reparar que há bastante tempo que o BCP não conseguia superar um topo anterior, mesmo de curto prazo (de médio longo prazo é preciso recuar mesmo muito tempo). A última vez que fez algo do género gerou subidas de cerca de 30%, o que projetaria o BCP neste momento para próximo dos 5,20 cêntimos, que não anda longe da LTD de médio prazo que tem funcionado como resistência desde início de 2014.

No entanto, convém sempre lembrar que os mercados de capitais são imprevisíveis. Por isso podemos sempre estar enganados. Assim, devemos sempre saber o que fazer, no caso de isto acontecer. Para todos os efeitos o BCP apenas inverteu no curto prazo, continuar a ter uma tendência de médio e longo prazo clara de baixa, nada, para já, nos indica que essas possam ser quebradas. Esta é uma pequena vitória para os longos, mas batalhas mais difíceis se avizinham para que possa inverter também em prazos mais longos.
 
Disclosure: Neste momento tenho uma posição longa no BCP


domingo, 17 de janeiro de 2016

BCP - Tendência de queda sem fim à vista ou já ao virar da esquina?

O BCP tem estado mergulhado numa tendência de queda durante todo o milénio (ou será millennium?) que começou há cerca de 15 anos. Olhando para o gráfico mensal podemos ver que, neste período, o BCP nunca conseguiu ultrapassar os topos de longo prazo que foram feitos em cada período de subidas e as quedas têm sido tão acentuadas que os movimentos mais fortes, feitos nos últimos anos, quase não têm expressão, dando a ideia de que de há uns anos para cá o BCP não tem tido grandes oscilações, o que não é verdade, longe disso, infelizmente as quedas não têm parado. Por exemplo, desde o topo de 2009 o BCP não parece ter caído muito, a verdade é que quem tinha uma posição no BCP nessa altura e a manteve até hoje está com uma perda a rondar os 90%.


Olhando para o gráfico semanal podemos observar também uma tendência clara de queda que vem já desde o segundo trimestre de 2014, ou seja, tem já quase dois anos de duração. No percurso da queda lembro-me de ter chamado à atenção para a importância da zona dos dos 6/6,50 cêntimos, achei que seria importante o BCP não quebrar consistentemente essa fronteira, que colocaria o título numa situação ainda mais débil do que aquela em que já se encontrava. Infelizmente, para quem está longo no título, isso aconteceu com relativa facilidade já que o BCP esboçou apenas uma pequena reação na zona dos 6 cêntimos para voltar de imediato às quedas violentas que pareciam não mais ter fim. Mas tiveram, a reação foi até violenta, o título subiu dos 4 aos 6,5 cêntimos em poucas sessões, mas a realidade é não voltou a mostrar força para sequer se voltar a aproximar desses níveis. Em vez disso tem feito topos de curto prazo sucessivamente inferiores, como podemos ver no gráfico diário, pelo que nem no curto prazo o título mostra alguma força.


Assim o gráfico diário não nos mostra nada de muito diferente, estando o título próximo dos mínimos relativos feitos há relativamente pouco tempo. Poderá fazer um duplo fundo? Pode, mas alguém, que não tenha já uma posição longa no BCP, está disposto a apostar nisso? Parece-me pouco prudente fazê-lo... Muito mais correta, a meu ver, será a opção de esperar por sinais mais seguros de inversão de tendência. Sabemos que todos os sinais técnicos são falíveis (que bom que seria que alguns não o fossem!) mas podemos pelo menos colocar as probabilidades do nosso lado e evitar expor-nos a riscos demasiado elevados.


Estou bastante expetante em relação às próximas sessões em que se espera que o BCP possa fazer novos mínimos. Devemos esperar sempre tudo, pode parar de cair e subir já, pode testar os mínimos anteriores e subir, pode fazer um "falso break" e subir a seguir ou pode fazer novos mínimos e continuar a cair. Seja qual for o cenário que se venha a verificar nas próximas sessões não teremos para já uma mudança na tendência do BCP, no melhor das hipóteses, pode alterar a tendência no curtíssimo prazo mas essa poucas ou nenhumas indicações importantes nos dá.

Bons negócios

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O Sr. Zé padeiro... acho que tinha conta no BES!

A propósito de algumas comparações descabidas que têm sido feitas acerca do "banco bom" e do "banco mau", e do facto de os aciostas terem sido "expropriados" da parte boa do banco, resolvi criar uma pequena história para ver se percebem o que se está realmente a passar.

O senhor Zé tinha uma padaria muito rentável no bairro onde morava.Como o negócio ia de vento em popa, o Sr. Zé viu ali uma oportunidade legítima de crescimento, arranjou uns amigos que entraram também com algum dinheiro e criaram uma empresa que geria não só essa padaria mas mais algumas que entretanto abriram noutros locais. Para potenciar a coisa resolveram abrir outros negócios complementares, como cafés e restaurantes. Os outros negócios não tinham, nem de perto nem de longe, a mesma rentabilidade que a sua padaria, mas não fazia mal, no geral os lucros aumentaram porque o volume de negócios era muito maior.  Havia apenas um pequeno problema,  o Sr. Zé estava a perder o controle sobre tudo, já ra difícil gerir a padaria quanto mais tudo o resto que entretanto foi sendo criado.

E chegou a crise. Os negócios que já não davam grande coisa ficaram ainda piores, os que eram bons davam menos e não conseguiam já pagar os prejuízos dos primeiros. Mas há que ter esperança, isto vai acabar por melhorar. Entretanto as dívidas a fornecedores aumentavam, o dinheiro da padaria que, embora já estivesse longe de dar os rendimentos de outros tempos, ia chegando para tapar alguns dos buracos e manter os negócios abertos. Aos amigos que tinham colocado o dinheiro nos negócios, o Sr. Zé ia dizendo que estava tudo bem, que os momentos não eram fáceis mas que estava tudo controlado e não tardaria muito a que a coisa voltasse aos lucros consistentes. Contava também com a preciosa ajuda do contabilista responsável pelas contas da empresa, que escondia algumas dívidas e créditos incobráveis, Por exemplo, continuavam a aparecer nas contas um montante significativo de uma dívida às padarias de uma conhecida cadeia de restaurantes, que entretanto até já tinha falido, ou seja, eles já deviam ter reconhecido aquele prejuízo, já que nunca mais iriam recuperar aquela dívida.

Para tapar mais alguns buracos o Sr. Zé foi pedindo emprestado a alguns clientes e amigos aos quais prometeu juros acima da média. O negócio parecia sólido, o contabilista assegurava as contas, era dinheiro em caixa para estas pessoas.

Até que a situação complicou-se, o Sr. Zé reuniu os amigos e, em vez de lhes contar claramente o que se passava, disse-lhe que a situação estava muito melhor, que os lucros estavam de volta mas seriam ainda maiores se injetassem algum dinheiro na empresa, para as coisas serem mais rápidas Além disto o contabilista também lhe tinha dito que havia "uns rácios, ou lá o que era, que deveriam ser repostos, enfim apenas coisas de contabilistas, porque o negócio, esse está de novo em grande pujança", ajudado também por alguma recuperação económica que já se sentia. Os amigos foram na conversa do Zé (agora já não lhe chamo senhor), afinal até o contabilista assegura as contas e o estado da empresa. "O tipo pertence lá á Ordem dos técnicos Oficiais de contas, ou lá o que é, está obrigado a transmitir a verdade sobre a empresa e a fiscalizar tudo, ele não nos ia enganar, e se é para isto melhorar ainda mais depressa mais ganhamos"!

Esta foi uma última tentativa do Zé para salvar a situação, infelizmente ela estava já condenada ao fracasso, os negócios estavam maus de mais para se poder dar a volta ao que quer que seja. Os cafés e restaurantes foram os primeiros a falir. A seguir vieram as outras padarias, até ao ponto em que ficou apenas a padaria inicial, aquela que aparentemente só podia dar lucros pois continuava a ter muitos clientes e a funcionar muito bem.

O problema é que esta padaria também tinha agora muitos buracos, a maioria dos quais relacionados com os restantes negócios que entretanto tinham aberto e que tinham falido. O contabilista apercebeu-se então de que o Zé tinha feito uma série de aldrabices, que tinha dado a padaria como garantia para uma série de empréstimos para os outros negócios, que já não pagava a alguns fornecedores, e que tinha alguns dos créditos que tinha apresentado afinal não valiam nada. Munido dos poderes que lhes são conferidos o contabilista retirou o Zé da gestão da empresa e nomeou outra pessoa externa para o fazer. Foram feitas uma série de avaliações à empresa e, como se previa, havia ainda mais problemas, era preciso ainda muito mais dinheiro para salvar a padaria, dos outros negócios já nem valia a pena falar, porque esses já eram. 

Obviamente que os amigos que tinham investido tanto dinheiro no negócio ruinoso tinham perdido toda a confiança no Zé, não estavam agora dispostos a meter nem mais um tostão na padaria, quanto mais aquilo que o novo gestor lhes estava a dizer que era preciso. Ou seja, a padaria, tal como os outros negócios, estava falida!

Entretanto aparece alguém que apresenta uma solução que visava salvar alguma coisa, aquilo que ainda tinha valor. Reuniu com os amigos do Zé que tinham investido nos negócios e disse-lhes o seguinte: "Como ninguém está interessado em meter o capital que é necessário para salvar a padaria, eu entro com esse capital em nome do Sindicato dos Padeiros, cobro apenas um juro anual de 3%. Vocês ficam com todos os outros negócios e vejam lá se conseguem recuperar alguma coisa. Tentem recuperar alguns créditos sobre clientes, tentem vender os espaços por alguma coisa e o dinheiro que conseguirem arrecadar ficam com ele, ou melhor, não ficam porque, por Lei, aquelas pessoas que emprestaram dinheiro ao Zé têm direito de preferência, só depois de pagarem a esses é que ficam com o dinheiro para vocês. Entretanto recupera-se a padaria e dqui a algum tempo tentamos vendê-la, de preferência por um preço superior ao dinheiro que lá vou meter. Caso haja prejuízos na venda da padaria o Sindicato dos Padeiros terá de os assumir, caso contrário a imagem que sai cá para fora prejudica todas as padarias e isso a eles também não lhes interessa. De qualquer forma, é assim que as coisas funcionam, agora estamos na UE temos de fazer o que eles mandam. Se a venda da padaria der lucro, este será canalizado para vocês, e devem seguir a ordem já referida, primeiro pagam às pessoas que emprestaram dinheiro ao Zé, e se sobrar alguma coisa, ficam vocês com ele"!

E foi assim que foi feito... já agora, eu conheço um caso real mais ou menos idêntico, que se passou há uns anos, não com padarias mas com lojas de desporto. Nesse caso apenas o desfecho foi diferente, não se salvou nenhuma loja, nem a primeira que era um sucesso estrondoso!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Imaginem...

A bolsa portuguesa está em queda livre, com a banca a liderar claramente. O retirar do BES de negociação parecia poder estancar as quedas mas conseguiu fazê-lo apenas na sessão seguinte à comunicação da solução adotada.

Imaginem que as quedas da banca continuam fortes durante algumas sessões. Esperemos que isso não aconteça, é mau de mais para o país mas, porque interessa agora para o racioncínio que vou fazer, imaginemos que isso vai acontecer. Ao fim de uns dias será inevitável que alguém com "responsabilidade" venha dar a cara e acalmar os mercados. Quem é a pessoa indicada para o fazer? Esse mesmo em que estão a pensar, o Sr. Carlos Costa, governador do Banco de Portugal.

Imaginem agora o caricato da situação. O Sr. Costa na TV a dizer que está tudo bem com o BCP, BPI, e os outros, que esses bancos "estão sólidos", que "não há qualquer problema" pois os bancos estão "suficentemente capitalizados" e têm até "almofadas de capital suficientes para acomodar possíveis perdas". Pois, exatamente o mesmo que disse em relação ao BES, duas semanas antes dele mesmo apresentar publicamente a solução que passava pela falência deste.

Alguém ainda acha que este senhor tem condições para se manter no cargo?!